quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A Psicomotricidade Humana e o envelhecimento

O nosso corpo passa por um processo maravilhoso de desenvolvimento. Este processo misterioso e dinâmico começa no útero materno e a sua evolução progride com o decorrer dos anos. Passa pela infância, juventude, idade adulta até chegar à velhice onde “a evolução caminha, portanto para a involução” Fonseca (2005 pag. 09). As fases de evolução e involução, são essenciais e naturais no nosso desenvolvimento como seres humanos e como indivíduos. As etapas evolução-involução são conhecidas como: tonicidade, equilibração, lateralização, noção do corpo, estrutura espácio-temporal, práxia global e práxia fina.” Fonseca (1998 pag. 08).

O desenvolvimento psicosomático do ser humano (ontogénese) atinge o seu clímax na idade adulta onde ocorre o aprimoramento das funções. Na fase idosa inicia-se um processo de regressão, conhecido por retrogénese. Inicia-se então a jornada no sentido inverso, onde existe um declínio das funções. O facto mais intrigante neste sistema é a forma como é feita a regressão. Ela não começa pela tonicidade mas sim pelo práxia fina que foi um dos últimos factores a ser aperfeiçoados. Desta forma o declínio funcional destas fases começa pela práxia fina, práxia global, estruturação espácio-temporal, noção do corpo, lateralização, equilíbrio e por fim a tonicidade. Fonseca (1998 pag.8). Assim, todo o processo de desenvolvimento tende naturalmente a degradar-se.

Todo o sistema evolutivo das funções psicomotoras desenvolvem-se a partir do cérebro. O cérebro é o “motor de toda a actividade”. Río (2004 pag. 15) Este mesmo autor cita Pavlov e Luria que organizam os neurónio cerebrais em 3 grupos: “grupo energizador, grupo de recepção, elaboração, armazenamento de toda a informação procedente do meio exterior e o grupo motor.”

“No córtex cerebral está a origem da vida em relação consciente e deliberadamente produzida. Nele se realizam funções concernentes a recepção, análise e integração (ou interpretação) das informações; funções decisivas que implicam a motricidade… ”. Rigal, Paoletti e Portmann (1979 pag. 22).

O envelhecimento pode ser classificado como “um processo multidimensional que comporta mecanismos de reparação e destruição que são desencadeados ou interrompidos em momentos e ritmos diferenciados consoante as características de cada pessoa”. Berges e Mailloux-Poirier, citado por Sá (2009).

Este afirmação vem ao encontro de diversos estudos que mostram que não existe uma idade determinada para o inicio da retrogénese. Depende do estilo de vida, do factor genético e da saúde do indivíduo. Mais uma vez fica provado que o nosso estilo de vida irá determinar a nossa saúde quer a curto ou a longo prazo.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O descanso e o bem-estar físico e emocional

Um dos males que mais açoitam a nossa sociedade actual é o stress. Martins, Hagen et al (2005) enfatiza que “A palavra stress foi adaptada por Hans Seyle pela primeira vez na década de 30. Ele emprestou a palavra da engenharia que stress refere-se ao desgaste de materiais submetidos a pressão excessiva”. Nos tempos actuais o termo “stress” é empregado para determinar o estado de grande fadiga em que uma pessoa se encontra quer nos que se refere à “pressão profissional, social ou familiar”.

A necessidade de descanso é tão real como a necessidade de actividades físicas e mentais para o bom desempenho do organismo. O indivíduo que não descansa as horas necessárias para recompor as energias está tão sujeito a doenças como o indivíduo sedentário.

De acordo com Leitão (2010) uma forma de dormir sem a utilização de medicamentos é “tomar um copo de leite antes de dormir, um pouco de leitura, etc. Algumas rotinas são necessárias para desligar e dormir tranquilamente”.

O sono deve ser obtido através de processos naturais de relaxamento e não por via de calmantes em forma de medicamentos. Segundo Pape e Puzenat (2003) os calmantes “trata-se de medicamentos sintomáticos, que aliviam mas não eliminam a causa, e é por vezes necessário aumentar a dose para manter os mesmos efeitos. Estes factores podem provocar, em certas pessoas verdadeira dependência na sequência de uma utilização prolongada.

Melo (2003) sugere a necessidade de “relaxar o sistema nervoso obtendo-se o descanso natural reparador”. O mesmo autor informa ainda que “o melhor momento para o diencéfalo encontrar a sua liberdade total de acção neurovegetativa é a noite, sono natural, quando o córtex repousa e nenhum pensamento o perturba”.

Seguindo esta linha de pensamento Cordeiro (2010) confirma a necessidade do sono nocturno ao informar que “a melatonina, substância produzida pela glândula pineal, que se localiza no centro do cérebro é sensível à luz que entra pelos olhos, é também muito importante no processo do sono. A secreção aumenta com a escuridão”. Em conformidade com este conceito White (apud Handysides, Kuntaraf at al, 2010) salienta que “o sono é muito mais valioso antes do que depois da meia-noite. Duas horas de bom sono antes das doze valem mais do que quatro horas depois das doze”. Se o corpo não se purificar surge um estado de permanente fadiga que muitas vezes leva o indivíduo a patologias que poderiam se evitadas caso o corpo fosse ouvido.

Entretanto não é somente o descanso nocturno que promove a saúde e o bem-estar. A execução de outras actividades diferentes da actividade rotineira do trabalho pode trazer descanso ao cérebro e contribuir para o conhecimento de novos horizontes. Melo (2003) postula que “as actividades ao ar livre e no campo, na praia ou montanha são salutares, descontraem e reabilitam o organismo”.

Margarido (2009) salienta a necessidade de “deixar para trás as preocupações de mais uma semana de trabalho” e “beber o ar puro da serra, escutar o seu silêncio e penetrar no que ela tem de melhor”, como forma de desfrutar do contacto com a natureza e descansar da rotina dos dias das da semana.

O descanso semanal também é um grande agente curativo e pode actuar de uma forma positiva quer na saúde física e espiritual do indivíduo.



terça-feira, 9 de novembro de 2010

A automedicação e os seus efeitos

O homem sempre sonhou em ser eterno. A procura pela longevidade vem de tempos remotos. E esta busca insaciável pela eternidade tem levado centenas de pessoas a cometer os maiores crimes e disparates ao longo da história da humanidade. E um dos maiores disparates de todos é o abuso de medicamentos que em vez de proporcionar a saúde pode mesmo levar a uma morte prematura.


Foi o caso do primeiro imperador da China Ying Jien. Os relatos históricos dizem que este imperador no desejo de perpetuar a sua vida, obrigou os seus curandeiros a encontrarem um remédio que lhe proporcionasse a vida eterna. Os médicos sem saberem o que fazer e na busca para satisfazer o desejo do imperador, começaram a ministrar doses de mercúrio no imperador. No desespero de viver mais, o imperador exigia mais e mais doses de mercúrio e a busca da vida eterna provocou-lhe a morte prematura devido à intoxicação provocada.

Mais recentemente, durante a época dos descobrimentos muitos aventureiros portugueses e espanhóis perderam as suas vidas ou desapareceram em florestas tropicais à procura da lendária fonte da juventude. Por volta do século XV e XVI era muito comum a crença na existência da fonte da juventude. Havia pessoas consideradas de grande conhecimento que escreviam sobre o tema. Um dos aventureiros que mais se empenhou em encontrar a tão desejada fonte foi Ponce de León que passou a pente fino tanto a península da Flórida como as ilhas da América central. Ele acreditava que se não a encontrasse, alguém havia de a encontrar. Fontinha (2008). Assim a população mundial tem procurado ardentemente a busca miraculosa para ultrapassar o problema da morte e por muitas vezes centenas e centenas de pessoas buscam no excesso de medicamento o tónico para a vida.

Um dos casos mais recentes e mais polémicos é o que sucedeu ao rei da pop Michael Jackson. O jornal O Público declara que o excesso de medicamentos poderá ter sido a causa da morte do cantor. O jornal ainda relata parte da entrevista da empregada do cantor em que ela afirma: “Houve uma altura em que as coisas estavam tão mal que não deixava as crianças vê-lo. E comia muito pouco e fazia misturas em excesso”. O Público (2009).
É muito grande o número de idosos que se intoxicam anualmente devido ao abuso da quantidade de medicamentos, ou auto medicação. Estes valores aumentam de uma forma avassaladora quer a nível nacional, europeu e mundial. A saúde pública mundial gasta muito dinheiro com as intervenções hospitalares no que se refere a internamento de idosos intoxicados com medicamentos.

O investimento que é necessário para fazer na saúde pública todos os anos a nível nacional para receber e custear estes idosos que diariamente são atendidos nos hospitais em todo o país, podiam ser encaminhados para proporcionar uma melhor qualidade de vida para estas pessoas, caso houvesse uma educação preventiva que mostrasse o risco que uma pessoa corre ao fazer auto medicação. Caso houvesse uma prevenção para evitar estes problemas que atinge os países de uma forma indiscriminada, haveria mais verbas para apostar nos cuidados do geronte e proporcionar assim melhores condições de vida. Com isto todos sairiam beneficiados.

Certamente o Estado gastava menos com a saúde pública, haveria mais camas disponíveis nos hospitais e a população idosa poderia beneficiar de uma vida mais saudável e o próprio Estado podia investir em áreas de interesse para estes gerontes. Mas para tal é preciso uma mudança de atitude, uma reeducação e uma consciencialização em massa dos perigos que o abuso dos medicamentos pode causar.

Mas seria de facto necessário fazer uma consulta médica para poder obter os tão conhecidos "medicamentos de primeira mão"? Não estaríamos nós a entrar num sistema burocrático que colocaria em risco a saúde prática e imediata do cidadão? Fica por analizar qual seria a opção mais adequada.