segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Idosos Psicologicamente Dependentes

São indivíduos que podem ser classificados no grupo dos que mostram-se na maioria das vezes passivos. Os idosos psicologicamente dependentes não podem ser classificados com os idosos com dependência física. Estes adoptaram uma posição passiva, iniciando o processo da delegação de poderes com pequenos actos dia após dia. Até chegarem ao ponto de não serem capazes de tomar decisões por si próprios. São cautelosos com contactos novos, mostrando-se desconfiados. São extremamente optimistas e pouco realistas. A aposentação livra-os da responsabilidade e não sentem nenhuma disposição para qualquer tipo de actividade.

Em muitas situações em que haja uma situação latente de dependência psicologia do idoso no que se refere a tomada de decisões há um certo risco do abuso de poder por parte do cuidador formal ou informal. Já no Seminário Internacional sobre o envelhecimento humano sediado em Lisboa (“Env” 1997) foi definido que “nesta perspectiva, a relação entre as pessoas idosas e estes profissionais é uma relação de poder, na qual um dos lados – a pessoa idosa – tem menos oportunidade de concretizar os seus próprios interesses do que a outra – o profissional. (...) E aquele que se sente dependente vai adaptar-se, vai entregar a outros o controle da sua vida, tornando-se assim cada vez mais dependente.”

O que se observa é a necessidade iminente da conscientização quer por parte do cuidador quer por parte do idoso no desenvolvimento e na aposta de um envelhecimento bem sucedido através a aceitação das responsabilidades que fazem parte do desenvolvimento. A este fenómeno chamamos empowerment ou à moda portuguesa “delegação de poderes”. Embora o idoso sinta-se cómodo em transferir as suas responsabilidades para o cuidador (formal ou informal) o cuidador pode sentir por outro lado, o vício pelo poder. Isso pode tornar-se um círculo vicioso e aliciante para ambos.

O empowerment está relacionado com na capacidade de autodeterminação, com o conceito de liberdade para envergar o papel de responsabilidade de nós próprios, usar dos próprios meios para expressar ideias, saber tomar decisões e influenciar o meio que nos rodeia. O fundamental é a necessidade de uma adaptação.

domingo, 18 de setembro de 2011

A depressão nas Pessoas Idosas

A depressão é um dos factores mais preocupantes no que se refere aos aspectos psicológicos do envelhecimento. Não obstante a depressão não é um sinónimo de envelhecimento. Segundo Costa (2005 pag.157) essa patologia “é a responsável 60% dos suicídios em Portugal”. A mesma autora salienta que “as consequências e implicações da depressão no idoso” são derivadas de diversos factores de ordem “económica, social, sanitário e ético” que fazem parte das angústias vividas pelos idosos e suas preocupações financeiras e o medo de encarar o futuro não muito promissor. Em conformidade, Stella, Gobbi, Danilla at al (2009 pag.92) “a depressão consiste em enfermidade mental frequente no idoso, associada a elevado grau de sofrimento psíquico”.

A depressão no idoso surge de uma forma muito subtil e não são raras as vezes que não seja diagnosticada devido à crescente indiferença e apatia que tende a ser mais comum com o avanço da idade em muitos idosos, que muitas vezes é confundida com birra por parte dos familiares e cuidadores não sensíveis.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Manifestações de Envelhecimento no Corpo

No contexto ocidental em que vivemos onde o que é velho não presta, o indivíduo quando recebe o seu estatuto de idoso, sofre as consequências derivadas do peso da idade. Barreiros, Espanha, Correia, at al (2006 pag. 29) postulam que “o envelhecimento é acompanhado pela diminuição progressiva na capacidade de realizar esforços físicos, devido em grande parte do declínio gradual ao longo da vida adulta (…)”

É notório o facto que os idosos que não desenvolveram a sua capacidade de adaptação sentem um certo grau de frustração devido à sua incapacidade motora comprada com a agilidade dos mais jovens. Contudo o que é relevante é observar o tipo de comparação que é desenvolvida. O idoso é bombardeado com todo o tipo de propaganda ao longo o dia através da televisão e dos outros meio de comunicação que ser jovem atlético e ágil é que é viver. Consequentemente há um despreparo para a aceitação a sua condição física e a aprendizagem é atrofiada.

O idoso que sente-se frustrado porque nunca mais terá o vigor dos jovens, cai no desânimo e comete a pior de todas a intemperanças que é o sedentarismo. Lemos e Santos (2008 pag.69) aborda a necessidade de um exercício físico como pelo menos “uma caminhada de 30 minutos três vezes por semana”.

Para Espanha, Correia, at al (2006 pag. 23) “a consciência de si compreende em si mesmo um lugar, o lugar do eu é o seu corpo. A imagem do corpo, desempenha, pois, um papel importante na consciência de si”. Assim para um indivíduo aceitar as mudanças causas pelo tempo tem impreterivelmente que estar psicologicamente bem consigo mesmo. Somente assim ele verá que as suas rugas são sinónimos de um rosto que muito viveu e muito se expressou. Se o indivíduo tem a nobre capacidade de estar bem consigo própria será fácil aceitar a queda ou o embranquecer do cabelo, o arquear do corpo, e a perda do vigor físico.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Modelos de Envelhecimento

Resultado de imagem para envelhecerOs mais variados aspectos do envelhecimento está na pauta para investigação mais profunda de várias ciências ainda não foi delineado um perfil padrão do envelhecimento. Assim surgem várias teorias que ajudam a entender o que é o envelhecimento humano. Roach (2003, pag. 45) apresenta dois grandes grupos de teorias do envelhecimento: As teorias biológicas e as teorias psicossociais.

Para Roach (2003, pag 45) as teorias biológicas “as teorias biológicas definem o envelhecimento como um processo que, com o tempo, causa alterações nas células e tecidos corporais. Outras teorias biológicas explicam o processo de envelhecimento como resultado de interacções com o ambiente.” Enquanto “as teorias psicossociais tentam explicar o envelhecimento em termos da função cognitiva de uma pessoa, como a inteligência, a memória e as emoções (...). O envelhecimento é visto como uma interacção entre a pessoa e sua função mental e ambiente físico.”

sábado, 10 de setembro de 2011

Dificuldade em fazer novos laços de amizade – alexitimia

Tem sido apontado por diversos autores e na minha própria experiência com idosos que a partir de uma certa idade a apatia desenvolve-se de tal maneira que poder-se-ia arriscar que transforma-se em alexitimia. O conceito de alexitimia torna-se cada vez mais conhecido devido à investigação que se tem desenvolvido nesse campo. Trata-se de uma dificuldade vincada no que se refere à capacidade de expressão apropriada tanto na utilização da linguagem, para narrar os sentimentos próprios como para descrever as sensações físicas, como uma visível incapacidade para fantasiar bem como uma maneira prática de pensar e expor o pensamento organizado.

Este é um dos elementos mais fortes na promoção do isolamento do geronte pois está relacionado com a dificuldade de fazer novos laços de amizade devido à degradação da capacidade de comunicação. Vilela (2005) sugere que devemos “tentar novos relacionamentos com pessoas mais ou menos nas mesmas condições que nós; «meter conversa», com naturalidade, com dignidade…quase sempre é compensador. Com alguma sorte até se podem iniciar boas amizades”.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Ser um Cuidador Informal

Assumir a responsabilidade de ser cuidador informal é promover a saúde biopsicossocial do idoso e promover o seu conforto físico, emocional e financeiro. Bem como fomentar o fortalecimento do convívio familiar intergeracional na troca de valores, conhecimentos e experiências de vida e assegurar o fortalecimento do círculo de amizades dos mais velhos através da manutenção do convívio social.

Não menos importante é a necessidade a manutenção da saúde física, mental e social do cuidador. Aos olhos da Gerontologia Social, tanto o idoso como o cuidador são pessoas que merecem todos os cuidados necessários na promoção da homeostase, não somente porque ambos estão a envelhecer, mas como seres humanos têm direito à dignidade. E o direito à dignidade de um não pode de maneira alguma sobrepor ao direito à dignidade do outro.

A fim de que o cuidador possa ter condições para desempenhar o seu papel em promover um envelhecimento bem-sucedido é extremamente necessário que haja condições físicas, salutares, económicas e equipamentos eficientes para o bom desempenho de suas funções. Quaisquer interferências nestes princípios básicos gerontógicos e sociais podem por em risco o bem-estar do cuidador e consequentemente da pessoa idoso que está a receber os cuidados.

Entende-se que, embora estejamos a viver no século da informação, cabe aos gerontólogos e outras entidades competentes orientar e informar idosos e cuidadores informais da grande responsabilidade da missão que é cuidar dos nossos pais. A cultura, o sentimento de obrigação, os valores sociais herdados, a consciência, não nos qualificam como cuidadores. É necessário desenvolver um espírito de missão, de amor, de reconhecimento e humanidade para saber lidar com as situações mais extremas que esta missão possa apresentar.

Não obstante cabe aos idosos aceitar os desafios da sua nova etapa da vida que é a velhice e abraçar esta situação com todas as suas vantagens em desvantagens através do processo de adaptação.

A adaptação corresponde em aceitar as mudanças físicas, sociais e políticas no paradigma da pessoa idosa. Está também relacionada com valores e poder relativamente naquilo que ainda se pode controlar e o que não se controla mais e finalmente no desenvolvimento da sabedoria e da maturidade espiritual.

Todos estes valores estão relacionados com a delegação de poderes, o empowerment, que é transmitido pelo gerontólogo ao idoso e ao cuidador com a finalidade de promover saúde e bem-estar para ambos.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Gerontologia Social

A Gerontologia Social é a ciência que estuda o fenómeno do envelhecimento humano e os desafios do idoso na sociedade. Contudo o universo de actuação da gerontologia é muito extenso. A Gerontologia abrange as pessoas de todas as idades, pois todos começamos a envelhecer logo a seguir à concepção.

A célula ovo envelhece e torna-se num embrião, este por sua vez torna-se num feto e ao chegar à maturidade estará apto para nascer. A partir daqui o envelhecimento prosseguirá a sua jornada até chegar à fase da velhice e não pára, pois “até os velhos envelhecem” como bem afirmou a nossa mestra em sala de aula.

No âmbito da velhice, a Gerontologia não está voltada somente para o idoso mas também para as pessoas que fazem parte do seu contexto familiar e social. Para que a intervenção gerontológica seja eficaz e produza os efeitos desejados, cabe ao gerontólogo fomentar uma investigação eficiente tendo em conta o meio em que o idoso se encontra, o estilo de vida, as aptidões, a história de vida e vários outros elementos essenciais para uma informação completa. Somente assim o gerontólogo estará apto a desenvolver uma gnose real e intervir de uma forma sábia.

sábado, 3 de setembro de 2011

O Modelo Pedagógico de Paulo Freire

Ao analisar o estilo de alfabetização de pessoas adultas, Paulo Freire deparou com um método inadequado à realidade dos adultos que trabalhavam durante todo o dia, tinham as suas inquietações quotidianas e ao fim do dia, quando entravam numa sala de aula, eram de certa forma ridicularizados com a leitura de frases da cartilha infantil em vigor na época. Freire observou que este tipo de aprendizagem não contribuía para a realidade do dia-a-dia dos adultos. Em sua sensibilidade, Freire também percebeu o abismo existente entre o educador e o educando. Foi notado que este modelo pedagógico para além de afastar os adultos das salas de aula não contribuía para fomentar questões existenciais uma vez que as frases aprendidas vinham com respostas prontas.

Assim foi desenvolvido o “modelo Paulo Freire” segundo o qual o educador deixava de ser o centro da aula e dedicava-se a ouvir o educando para aprender com sua experiência de vida e a partir desse princípio estar apto a fazer uma intervenção adequada, apresentado materiais e frases que faziam sentido no quotidiano do educando e o mesmo usufruía do seu tempo de aprendizagem. Segundo Barbosa (1982) Freire chama este período de aprendizagem “círculo de cultura” no qual o aluno conhecia o mundo à sua volta e desenvolvia assim saberes e competências.

O conceito fundamental do método Paulo Freire passa por três elementos essenciais:

• Investigar;
• Tematizar;
• Problematizar.

O Modelo pedagógico de Paulo pode ser utilizado como uma ferramenta fundamental no universo da gerontologia social pois delega poderes aos idosos no que se refere ao desenvolvimento cognitivo, na autonomia, independência e delegação de poder. No âmbito do idoso como ser social, a metodologia Freireana leva o indivíduo a ver-se como elemento activo na sociedade que problematiza a sua situação social tirando-o da condição de fragilidade tornando o membro interactivo de uma das classes mais poderosas da sociedade que pode promover mudanças.