sexta-feira, 25 de maio de 2012

A Medicina da Dor

Por José M. Caseiro
( Médico coordenador da unidade de tratamento da dor do HPP Lusíadas)

É possível, nos dias de hoje, aliviar o sofrimento de doentes com cor, seja ela aguda ou crónica. A medicina da dor dedica-se a toda a clínica relacionada om o diagnóstico e a terapêutica das diferentes  formas de dor, independentemente da sua causa. 
De forma explicativa, podemos dizer que a dor crónica é uma dor que persiste algum tempo, na ordem dos trêsa seis meses, embora o conceito deva ser aplicado individualmente a cada caso e a cada doente. Se uma pessoa tem dor persistente deverá ir ao médico sem ter que esperar mais que umas semanas ou um mês.

Numa unidade de tratamento da dor e de acordo com as necessidades dos doentes, intervêm profissionais de saúde de diversas áreas, médicos de diferentes especialidades, psicólogos, enfermeiros, etc. que, isoladamente ou em actuação conjugada, podem oferecer aos doentes soluções, esclarecimentos e terapêuticas que o ajudem a melhorar a sua qualidade de vida.

Situações clínicas que podem ser tratadas numa Unidade de Dor:
  • lombalgias
  • dor vertetral
  • nevralgias
  • dor articular
  • dor oncológica
  • neurolgia do trigémio
  • dor muscular
  • fibromialgia
  • cefaléias

Sempre que a dor persista e não alivie com os medicamentos prescritos pelo médico assistente, há motivos para que se procure ajuda numa Unidade de Dor.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

O Papel do Gerontólogo Social


O envelhecimento é um processo natural que ocorre ao longo da vida e tem sido motivo de estudo por uma vasta gama de pesquisadores e a investigação neste ramo tem-se desenvolvido de uma forma tremenda, embora ainda haja muito por investigar.
É notório o facto de que a população mundial envelheceu drasticamente nos últimos anos e a esperança de vida aumentou consideravelmente. Esta é uma realidade comentada por diversos investigadores. É desnecessário indicar os autores. Quase todos os relacionados com o envelhecimento trazem esses dados.  Os efeitos deste fenómeno são visíveis na nossa sociedade e abrange todas as classes sociais, sendo que os mais ricos têm melhores condições e os que vivem nas zonas urbanas têm mais acesso aos recursos de saúde. Temos aqui um desafio social relacionado diretamente com o envelhecimento humano e as oportunidades cultivadas ou adquiridas ao longo da vida.

Assim, com o pensamento voltado para as questões sociais Anaut (2005, pag 123) informa que “a população idosa tornou-se nomeadamente um dos grupos de investigação mais instrutivos […]”.Assim o idoso dos nossos dias passou a ser visto como parte integrante de um grupo com um grande potencial a ser explorado quer pela ciência, quer pelos senhores dos negócios nos seus mais diversos ramos. Este grupo entretanto tem as suas características, necessidades e fragilidades próprias. Aqui entra então a intervensão do gerontólogo. 

Sendo que a pessoa não pode ser somente classificada como "idosa" a atuação do gerontólogo deve ser interdisciplinar e transversal. O gerontólogo deve ser o canal que indica ao idoso todos os recursos existentes para o seu bem-estar. Assim um gerontólogo pode, e deve, atuar em todas as áreas a fim de que o idoso, sob a sua orientação, possa beneficiar dos serviços do médico, do nutricionista, do assitente social, do tecnico de desporto, do tecnico do turismo, e tantas outras facções de recusos humanos que tornarão a vida do idoso mais propícia. 






quinta-feira, 17 de maio de 2012

A experiência de estar doente


A gerontologia desenvolve competências sociais para entender os efeitos da doença no indivíduo, com o objectivo de apresentar aos consulentes um novo estilo de vida, a fim de promover o bem-estar psicossomático. Para Bertoni (1994, pag. 2) “ a doença pode também amadurecer em nós, forças desconhecidas. Ela pode levar-nos a uma compreensão mais profunda da brevidade e transitoriedade de muitas coisas, que normalmente parecem importantes demais e exigem toda a nossa atenção. A doença pode ajudar a estabelecer um relacionamento novo e melhor com aqueles que estão ao nosso redor”. Um outro ponto de vista relativamente ao papel da doença poderá eventualmente fazer-nos pensar na nossa finitude ou até mesmo no nosso papel como coadjuvantes na grande saga do cosmos. Assim, eu particularmente entendo que a doença pode ser encarada sob um prisma positivo que nos transcende, de carácter biopsicossocial, como passo a expor:

 A doença é um caminho utilizado pelo corpo para chamar a atenção de que algo vai mal. É necessário fazer mudanças. Isto não pode ser encarado meramente como uma forma exotérica de abordar a doença mas como diz o provérbio popular, "nós colhemos aquilo que semeamos".

O facto de estar doente poderá permitir que a investigação sobre a patologia venha trazer a solução do problema, culminando na cura e/ou prevenção para outras pessoas, num futuro próximo ou a longo prazo.

A doença é apresentada como mecanismo que leva o indivíduo a desenvolver competências resilientes, crescendo assim com a nova experiência, ou mesmo aceitar a finitude humana e saber encarar a realidade da morte como algo inerente a todos os seres humanos para que o indivíduo tenha uma boa morte.  


domingo, 13 de maio de 2012

Gerir as Emoções


Achei o artigo que abaixo muito interessante. No universo da gerontologia, fala-se muito em estímulo cognitivo e o estímulo emocional tem sido por vezes esquecido.  O Artigo foi publicado na Revista Saúde e Lar (Ed.online de julho de 2011)
Pergunta: Tenho sentido, nestes últimos meses, dificuldade em gerir as minhas emoções. É claro que os meus filhos saem prejudicados das mais diversas situações. Preciso de mudar o meu comportamento e as minhas reacções, mas não sei como fazê-lo.
R: Prezada leitora, sinto-me satisfeita por ter sentido a necessidade de encontrar estratégias para estar no controlo das emoções e não o contrário. 
Consegue imaginar a vida sem a alegria de um reencontro há muito esperado, da gargalhada de uma criança, do amor que sente por alguém, do prazer de ouvir música ou da excitação de conseguir uma promoção? Mas o que dizer das emoções como o medo, a angústia, a frustração, entre outras? As emoções negativas podem motivar-nos a corrigir situações erradas e podem alertar-nos para possíveis perigos. O facto de nomearmos as emoções de positivas e negativas, não quer dizer necessariamente que as emoções são boas ou más em si mesmas. A forma de se lidar com as emoções é que pode torná-las sadias ou problemáticas. Sentir tristeza e dor quando se perde alguém não é mau! É natural e é necessário para que se faça o luto. Pode, no entanto, tornar-se numa situação prejudicial quando é prolongada no tempo, se torna incapacitante, envolvendo outro tipo de emoções.
De uma forma geral, o ser humano tem estado mais desperto para o tema da saúde. É elevado o número de pessoas que têm visto doenças serem diagnosticadas e tratadas, por ponderarem os sinais e sintomas do seu corpo. Felizmente (talvez de uma forma mais morosa), há um número crescente de indivíduos que considera e pondera os indicadores, os sinais e sintomas de que emocionalmente se está “doente”. Por vezes, é fácil identificar algumas emoções; porém, na maioria das vezes, estas não se vêem. O que se vê é o efeito das emoções. Talvez possamos utilizar uma analogia para entender melhor esta realidade. As emoções são semelhantes ao vento. Não podemos vê-lo. Mas o som das folhas das árvores, o esvoaçar do cabelo ou o movimento da roupa pendurada no estendal, são sinais da sua existência. É possível, inclusive, ver as consequências da sua força destruidora. O mesmo acontece com as emoções e, por esta razão, é muito importante estarmos atentos aos nossos comportamentos, pois através deles poderemos chegar às emoções. Nervosismo e irritabilidade, dificuldade em adormecer, falta de interesse, perda de controlo, medos incomuns, sintomas físicos, podem ser sinais de sofrimento emocional.
É uma grande tarefa, a nossa saúde emocional e, em grande parte, nós somos responsáveis pela forma como lidamos com as emoções. Há sempre uma escolha subjacente na forma de lidar com determinada situação. 
Somos seres físicos, sociais, emocionais e é necessário um olhar holístico para se lidar de uma forma positiva com as emoções. É necessário que se entenda que quando as necessidades físicas (exercício, boa nutrição, sono) e psicológicas (tempo pessoal, socialização, estimulação mental) não estão a ser consideradas, há uma maior tendência para reagir emocionalmente. O resultado é, geralmente, um pavio curto quando se trata de situações adversas que podem provocar a raiva, o medo ou a indiferença. Viver um estilo de vida equilibrado é essencial, assim como conhecer os seus limites. Como está a sua dieta mental? Repleta de calorias vazias, sem horários, demasiado fast-food? Que hábitos necessitam de ser modificados na sua vida, para beneficiar de uma dieta mental equilibrada? Estará hiperestimulada com o que vê, ouve e executa? Dedica tempo para se conhecer e pensar nas suas atitudes e emoções, ou tem a sensação de não perceber os seus comportamentos? Vive de uma forma plena, ou sente que tudo é realizado de forma fugaz? 
Questionar-se sobre um problema é um começo, mas não é o suficiente para o resolver! Que estratégias vai utilizar para modificar os seus comportamentos e reacções? Lembre-se que não fazer nada é uma escolha! Qual vai ser a sua?

Nélia Silva Coutinho
Psicóloga

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Os idosos e os jogos de azar


A Gerontologia Social aposta na utilização de uma grande variedade de jogos com o objetivo de promover a continuidade do desenvolvimento cognitivo, da interação social, da expressão emocional da descontração, entre outros. Isso acontece porque os jogos podem ser utilizados como elementos que ajudam a desenvolver o raciocínio, o trabalho de grupo e o idoso tem a oportunidade de expressar as suas emoções entre os participantes através da sua satisfação ou não pelos resultados. O jogo também é muitas vezes utilizado para criar laços de confiança e permitir que conversas mais profundas possam ser desenvolvidas.

Contudo é de vital importância recordar que embora os jogos têm a sua importância, é preciso cautela para não tornar um vício para o idoso. Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo mostra a dependência patológica dos idosos com jogos de azar. Segundo foi apurado a mulheres têm maior facilidade em desenvolver essa patologia.

Segundo os dados do INE, “em Portugal, e tendo como referência as taxas de mortalidade de 2000/2001, um homem pode, em média, esperar viver 73,5 anos e uma mulher 80,3 anos. Como o número de idosos do sexo feminino é essencialmente superior ao sexo masculino, daí a nossa preocupação. De acordo com a investigação da Faculdade de Medicina da USP “…dos 50 idosos participantes do estudo, a maioria tem grau de instrução baixo, condição financeira razoável e mora sozinha”. Temos aqui três fatores de risco que o gerontólogo considera como importantes para fazer uma intervenção.

Durante o mês de junho de 2011 iniciei um estudo de obsrvação para conhecer a população que frequentava os dois grandes casinos da região da grande Lisboa e o dois Bingos durante uma semana em horários diferentes, observou-se que mais de 70% da população que frequentou esses instituições era idosa. Este estudo ainda está em desenvolvimento. 

Na crise financeira progressiva em que nos encontramos, esses elementos, embora tivesse sido observado numa cultura e condições diferentes da realidade portuguesa, é o retrato da nossa sociedade. Como tal deve ser desenvolvida uma intervenção gerontológica de integração para prevenir o desenvolvimento de patologias psicológicas.

Fontes 
Instuto Nacional de Estatística  
www.formadoresdeopiniao.com.br

terça-feira, 1 de maio de 2012

O Idoso e o direito ao trabalho

Na grande maioria dos países, especialmente na Europa, comemora-se hoje o dia do trabalhador. É louvável a conquista que foi feita no passado por homens e mulheres idealistas que passaram por provações, privações e perseguições políticas para garantir que hoje tivéssemos o direito ao trabalho e que as condições de trabalho fossem dignas para que dessa forma pudéssemos continuar a crescer como  seres sociais. 

Não obstante, nos nossos dias, diante dos nossos olhos, existe uma repressão silenciosa apoiada pelos governos e executadas por empregadores onde o idoso é discriminado como incapaz. As políticas das reformas e pré-reformas necessitam de revisão. Da mesma forma que foi conquistado o "não trabalho infantil", deve ser garantida a independência financeira do idoso. Somente quando isso acontecer estaremos a promover um verdadeiro envelhecimento saudável e bem-sucedido aos nossos idosos.