segunda-feira, 30 de abril de 2012

Nunca é tarde de mais para ter saúde

Achei este artigo muito interessante que fui publicado na Revista Saúde e Lar, da qual sou assinante: 



Alguma vez se perguntou porque é que aquela marca especial de pânico a que chamam meia-idade lhe cai nos braços por volta da metade da vida, para estragar as coisas? Vou dizer-lhe porquê. 
É porque leva metade da vida para tomar consciência de que (a) esta é a sua vida, e (b) é a única que vai ter

Disparou da linha de partida para o futuro (geralmente pelas portas de alguma instituição de persuasão escolar) querendo agarrar tudo. Tantas coisas para fazer! Tanto para ver! O que escolher? O que fazer primeiro? É demasiado jovem para ser paralisado por escolhas, por isso faz aquilo que quer. Porque não? Tem toda a vida pela frente.
Depois, começa a aproximar-se da meia-idade, que já o fez abrandar o suficiente para ver, pela primeira vez, onde chegou (ou não...). E pensa: Espera aí! De certeza que ISTO não é tudo! De certeza que não vim este caminho todo para... ISTO!

Esta crise, quando pensamos nela, é, provavelmente, uma bênção camuflada. Imagine se não tivesse sido forçado a abrandar a cada década ou duas para avaliar a sua vida. Podia acabar desnorteado no seu leito de morte, dizendo: “Mas eu tinha tão grandes sonhos e não concretizei nenhum! Como é que isso aconteceu?”

Assim, quando a vida chega, chiando, à pausa da meia-idade, não se alarme. É uma coisa boa. Vai tirar alguns momentos para refletir, calmamente, sobre aquilo que alcançou, e tomar nota, cuidadosa e conscientemente, da direção que talvez queira tomar, ao se encaminhar novamente para o futuro.
Mas, decida o que decidir, ao fazer uma pausa para refletir, aqui nesta encruzilhada da vida onde o trânsito é um pouco mais lento, olhe para alguns dos seus velhos sonhos postos de lado e veja se não há algum que valha a pena ser ressuscitado. A pessoa que era quando os sonhou ainda aí está, dentro de si, cheia de grandes esperanças e sonhos ainda maiores. Dê a esse seu eu idealista uma oportunidade para explorar algo de novo e para crescer. Porque, lembre-se, este é apenas metade do caminho, não a linha de chegada. Ainda tem muito para viver.

E antes de sair em disparada, tome algum tempo para consultar Deus e ver se a sua vida está de acordo com os Seus planos. Não interessa quem seja nem quanto tenha conseguido alcançar, há ainda uma coisa que realmente conta na vida, apenas uma coisa de que tem o direito de se gabar: “Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas; mas, o que se gloriar glorie-se nisto: em Me conhecer e saber que Eu sou o Senhor, que faço beneficência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas Me agrado, diz o Senhor” (Jeremias 9:23 e 24).

Se, durante a segunda metade da sua vida, deitar a mão aos seus sonhos tendo em consideração os planos de Deus para si, deixará de se preocupar com o passar do tempo, porque o seu coração estará cheio de alegria".

Fonte: Revista Saúde e Lar: www.saudelar.com 

domingo, 29 de abril de 2012

O Desenvolvimento da Empatia como Elo de Inclusão


Uma das formas mais eficazes para promover a inclusão e a reinserção social é através do desenvolvimento da empatia. Para Rogers (1979) a empatia "significa penetrar no mundo perceptual do outro e sentir-se totalmente à vontade dentro dele. Requer sensibilidade constante para com as mudanças que se verificam nesta pessoa em relação aos significados que ela percebe, ao medo, à raiva, à ternura, à confusão ou ao que quer que ela esteja vivenciando. Como pode ser isso possível? 

Boothman (2008) fala dos quatro elementos essenciais para fortalecer a sintonia do suporte social na pessoa: “abrir – olhos – irradiar – aperto de mão ”. Para este autor “a primeira parte do acolhimento deve ser abrir a nossa atitude e o nosso corpo”. Esta abertura está relacionada com a nossa aceitação incondicional do outro, independentemente da sua cultura, estatuto social, crenças, raça, estilo de vida e outros. Implica também a atitude positiva e “uma linguagem corporal” adequada. É necessário evitar cruzar os braços sobre o coração.
O mesmo autor afirma ainda que “a parte do acolhimento envolve os olhos”. Devemos tomar a iniciativa de fazer o contacto visual. O contacto olhos nos olhos mostra que a pessoa com a qual estamos a falar é o elemento mais importante naquele momento.

Se desejarmos que as pessoas sejam felizes, temos que ser os primeiros a “irradiar alegria”. Isto faz-se através do sorriso. Se olhamos nos olhos e desenhamos um sorriso no rosto ao cumprimentar alguém, por mais desconfiada que a pessoa possa estar, o sorriso também despontará no outro rosto. Boothman (2008) também menciona a importância do cumprimento animador através de palavras radiantes como “viva!”. Para o autor é muito importante ser o primeiro a identificar-se numa conversa.

Quando estes passos, referentes a uma boa comunicação e interação, são observados de uma forma natural e progressiva as barreiras são quebradas e conquista-se a confiança, cooperação e sobretudo o respeito pela dignidade humana. Nestas condições abre-se o caminho para uma intervenção gerontológica eficaz.  Tudo isso pode acontecer pelo simples facto de deixar o nosso rosto mostrar que estamos felizes. É uma questão de atitude. 

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Desafios do Envelhecimento


Pôr-se no lugar dos outros


A Empatia é um dos elementos fundamentais no desenvolvimento das relações interpessoais e nas relações de ajuda. Como vivemos numa sociedade os altruísmo de Jesus é bem aceite entre cristãos, judeus, muçulmanos e não religiosos, achei por bem apresentar hoje um artigo de Joe A. Webb sobre a importância de por-se no lugar do outro e ver as coisas noutro prisma: 

"...muitas vezes, tentamos providenciar aquilo que pensamos que as pessoas necessitam. No entanto, devemos primeiro compreender aquilo que elas consideram ser as suas necessidades. Pormo-nos no lugar dos outros significa que tentamos compreender a vida e todo o seu emaranhado e todas as suas questões a partir do ponto de vista dessas pessoas; é tentar compreender as suas tristezas e as suas alegrias. Noutras palavras, vamos ao seu encontro onde elas estão.

É claro que isto foi exatamente o que Jesus fez. A Sua vida terrena foi uma vida de identificação com queles a quem Ele veio salvar. Ele pode compreender as nossas lutas e dores porque passou pelo mesmo. Ele teve grandes deceções, suportou falsas acusações, rejeição e punição injusta. Ele foi “Deus connosco” no sentido mais amplo de partilhar a nossa vida.

Além disso, como Ele passou pelas nossas experiências, pode ir ao encontro das pessoas onde estas estão. Ao lermos os Evangelhos, descobrimos que Jesus não teve apenas um método de evangelismo e testemunho. Ele chegava junto das pessoas no contexto da vida delas. Quando Ele se encontrou com a mulher samaritana, junto ao poço de Jacob, falhou-lhe de água viva. Às gentes do campo, contava-lhes histórias sobre lançar a semente, falava-lhes da estação da ceifa e do tempo. Aos pescadores, falava de peixes, redes e tempestades. Jesus teve uma maneira maravilhosa de apresentar as grandes verdades espirituais, ao identificar-Se com as questões vulgares da vida diária, e aqueles que ouviam aprenderam acerca da água da vida e da necessidade de semear a semente do evangelho. Muitos deles até se tornaram pescadores de homens".

Fonte: Lições da Escola Sabatina 2º Trimestre 2012 pg 43 

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Será que você sabe o que é a velhice?


Por Sabrina Mestre

A você, idoso ou não, que se interessa pelo processo de envelhecimento. A velhice simplesmente é mais uma etapa da existência humana.
É certo que algumas mudanças são próprias do envelhecer. Com o passar dos anos, os movimentos já não são tão rápidos,  a visão já não tem a mesma claridade e surgem dificuldades em lembrar onde estão determinadas coisas.
O envelhecimento não é igual para todos, englobando vários fenómenos de ordem biológica, psicológica e social. O envelhecimento é um processo de desenvolvimento que  pode ser maravilhoso. Basta que você queira e possa, e quando não puder, peça ajuda.
Ah! Mas, não esqueça que você é um ser único, que tem desejos próprios e sabe das suas limitações. Então retire o que mais lhe agradar destas dicas para envelhecer de uma forma mais saudável e feliz.

Dicas:

1. Conviva mais, saia, encontre um grupo de amigos. Eles muitas vezes ajudam-nos  a afastar a solidão e fazem-nos rir.
2. Deixe que o médico cuide da sua doença, preocupe-se em manter a mente saudável. Já é um bom caminho para manter longe a doença e tenha pensamentos positivos.
3. Faça uma alimentação saudável e equilibrada. 4. Durma bem. Um sono descansado relaxa e revitaliza o organismo.
5. Procure sempre mover-se, não dê moleza aos músculos, eles precisam de movimentos.
6. Pratique exercício físico pois ele previne o envelhecimento. Faça experiências novas  tais como: dança, incluindo o Tango, Ioga, Biodanza, Tai Chi, Hidroginástica, entre outras.
7. Continue aprendendo, esqueça a famosa frase “já não tenho idade para isso”. Estamos sempre com a idade certa para aprender, o nosso cérebro está sempre à espera de informações, exercite-o; leia, aprenda mais sobre informática, artesanato, jardinagem, o que tiver vontade e lhe apetecer.
8. Vá ao teatro, cinema, viaje se tiver a oportunidade, descubra coisas novas, tenha interesses.
Mas por favor, não esqueça: Mexa-se!

Onde encontrar as atividades?
Muitas destas atividades citadas acima podem ser encontradas perto de si, informe-se na sua:
- Junta de freguesia, Universidade Sénior ou Centros de dia da sua área  de residência.
A felicidade é algo que você define no princípio!” Autor desconhecido
Obrigada pela sua atenção!

quarta-feira, 25 de abril de 2012

O Mapa do Envelhecimento


O futuro da Terceira Idade em Portugal


Por Luís Jacob, Presidente da RUTIS ( em entrevista com Maria João Garcia)

Maria João Garcia: Como vê o futuro da Terceira Idade em Portugal?
Luís Jacob: Há um milhão e seiscentos idosos em Portugal, logo há um milhão e seiscentas maneiras de envelhecer. Há quem venha a ter muitos problemas. Não nos podemos esquecer que 50% dos pobres são idosos. Por outro lado, o envelhecimento vai depender muito da maneira como a pessoa viveu. Se foi sempre activa e pode continuar a sê-lo, vai lutar por isso. Uns terão uma vida mais familiar, a cuidar dos netos, outros não tanto.

Maria João Garcia  -  Quais são os principais desafios que se enfrenta, em Portugal, quando se tem 65 anos e mais? 
Luís Jacob: Um dos desafios que mais se destaca é a falta de autonomia. À medida que envelhecemos, vamos perdendo a autonomia e, em muitos casos, perde-se também parte da qualidade de vida desejável. Quem ainda é autónomo tem de enfrentar o desafio de ver onde pode ocupar o seu tempo livre, vendo a vida depois dos 65 anos como uma nova etapa e, não tanto, como o fim. 

Portugal tem as condições necessárias para enfrentar este envelhecimento? 
Nenhum país tem as condições necessárias. O envelhecimento da população e o aumento da esperança média de vida, em mais 20 anos, é uma realidade recente. Portugal tem as condições mínimas para enfrentar esta realidade, como acontece noutros países. Há, de facto, zonas onde a situação é preocupante, porque faltam equipamentos sociais, há falta de cuidados de saúde, exclusão social, solidão, entre outros.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Farmacodependência nos Idosos


Achei o texto abaixo muito interessante. Faz parte da investigação de Louise Berger e Danielle Mailloux-Poirier em "Pessoas Idosas: 

“A população idosa de todos os países industrializados consome quantidades importantes de medicamentos, situação esta que não cessa de se agravar. O fenómeno do sobreconsumo de medicamentos, apesar de bastante disseminado, é, no entanto, mal conhecido, muitas vezes voluntariamente ignorado e por vezes mesmo escondido. Esta situação inquietante e trágica constitui um obstáculo maior à promoção da saúde dos idosos e coloca problemas importantes aos profissionais de saúde.

A velhice, como todas as etapas da vida, necessita um período de adaptação que difere de indivíduo para indivíduo. Infelizmente acompanha-se muitas vezes por uma descompensação psicológica a que as pessoas de idade tentam responder por meio de uma bengala química. Parece, com efeito, que ao envelhecer as pessoas desenvolvem facilmente esta dependência e esta “ânsia devoradora pelos medicamentos”, e sem muitas vezes chegarem a dar por isso. Por outro lado as pessoas de idade vivem situações ansiogénicas que se manifestam por sintomas somáticos para os quais pedem alívio. Então consultam muitas vezes os médicos para obter alívio do seu mal estar e insistem muito para obter receitas, não hesitando em recorrer a vários para conseguir o que querem.”

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Pequena Biografia de Carl Rogers


Carl Ransom Rogers nasceu 08 de janeiro de 1902 em Oak Park, Illinois, num subúrbio de Chicago, o quarto de seis filhos.  Seu pai era um engenheiro civil bem sucedido e a sua mãe era uma dona de casa. Ambos eram cristãos devotos.  Sua formação começou na segunda série, porque ele já conseguia ler antes de ingressar no ensino primário. Aos 12 anos, sua família mudou-se para uma quinta cerca de 30 quilómetros a oeste de Chicago, e foi ali que ele passou a sua adolescência.  Com uma rigorosa educação e muitas obrigações que lhe eram impostas, o jovem Carl tornou-se num rapaz isolado, independente e auto disciplinado.

Como a próprio Rogers (1961, p:19) menciona, ingressou-se na Universidade de Wisconsin para estudar Agricultura mas logo transferiu o seu curso para o estudo de Teologia. A sua notoriedade levou-o se ser escolhido como parte dos dez alunos escolhidos pela World Student Christian Federation Conference para estar em Pequim durante um período de seis meses. A sua experiência na viagem levou a colocar em causa os princípios basilares da sua fé. E como supõem Hipólito (1999, p.15) adquiriu uma “úlcera gastroduodenal, provavelmente como resultado desde processo de afirmação”.

Após a sua graduação casou-se com Hellen Elliot e mudou-se para a cidade de Nova Iorque tornando-se membro do Union Theological Seminary, uma instituição liberal de renome naquela época nos Estados Unidos. Enquanto participante do UTS Rogers participou e organizou diversos seminários que questionavam o verdadeiro motivo de ser um teólogo. Com o passar do tempo o próprio Rogers começou a ter dúvidas sobre a sua vocação e ingressou no mundo da psicologia pela Columbia University onde veio a graduar-se em 1931. Ele iniciou suas actividades como terapeuta na Sociedade Rochester no sector da Prevenção da Crueldade contra Crianças.  Nesta clínica, aprendeu sobre a teoria e técnicas de terapia de Otto Rank, que tornou-se o trampolim para o desenvolvimento de sua própria abordagem.

Foi-lhe oferecido o cargo de professor no estado de Ohio em 1940. Em 1942, escreveu seu primeiro livro “Counseling and Psychotherapy. Em 1945, foi convidado a criar um centro de aconselhamento da Universidade de Chicago.  Foi enquanto trabalhava lá que, em 1951, publicou sua obra principal, Terapia Centrada no Cliente, onde ele descreve a sua teoria basilar. Relativamente à sua obra, Hipólito (1999, p:14) salienta que Rogers “publicou mais de 250 artigos, cerca de 20 livros e foram ainda realizados cerca de 12 filmes sobre o seu trabalho, deixando um elevado número de documentos sonoros e audiovisuais que exemplificam a sua actividade.

Faleceu em La Jolla, CA, a 4 de Fevereiro de 1987 na sequência de uma fractura do colo do fémur. Segundo Hipólito (1999, p:14) “ de acordo com as instruções que deixara, as máquinas que mantinham artificialmente a sua vida foram desligadas após três dias de coma”.  

terça-feira, 10 de abril de 2012

Humanitude

O livro Humanitude de Gineste e Pellissier trata especificamente da arte do cuidado e atenção que se deve ter com os idosos. A abordagem é extremamente inovadora pois começa por avaliar o que é ser humano em todos os seus aspectos. O livro mostra que o conceito de ser humano está para além do facto de sermos seres sociais e termos características de raciocínio inerentes ao Homem. A partir desses princípios, em que a humanitude é revelada, são traçadas  directrizes fundamentais que serão ferramentas valiosas para todos aqueles que estão ligados às pessoas idosas directa ou indirectamente. O livro é um instrumento indispensável na biblioteca de um gerontólogo.  
Este livro foi editado pela Ed Piaget e está disponível para venda. 

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Elisabeth Kübler-Ross

Elisabeth Kübler-Ross foi uma mulher notável. Filha de Ernest e Emma Ross, um casal de origens modestas, nasceu a 8 de Julho de 1926, em Zurique, como resultado de um nascimento trigémeo que se tornou manchete dos jornais suíços da altura, devido ao facto das três crianças terem nascido com saúde.
De acordo com Gil (1980 pag. 12) a sua primeira experiência com a morte não foi na sua fase adulta mas sim na infância. Aos cinco anos de idade adquiriu pneumonia e foi isolada no hospital infantil de Zurique. A impossibilidade de receber os afectos dos seus pais afectou mais a sua saúde que a doença em si. Foi esse um dos motivos que mais tarde levou Kübler-Ross a dar tanta importância à necessidade do diálogo, da informação e do preparo do doente para a aceitação da morte.
Do seu casamento com o norte-americano Emanuel Ross resultou o nascimento de uma filha. Contudo o casal divorciou-se dez anos após o nascimento da mesma. 
Segundo o EKR Foundation, durante a segunda Guerra Mundial desenvolveu um trabalho humanitário nos campos de refugiados e mais tarde graduou-se em medicina pela Universidade de Zurique. Emigrou para os Estados Unidos da América onde veio a continuar os seus estudos de psiquiatria em Nova Iorque. Tornou-se professora na Universidade de Medicina de Chicago onde realizava seminários em que relatava experiências de entrevistas com pacientes terminais. Muito se empenhou em minorar os sofrimentos psicológicos dos doentes terminais e deu um enfoque especial aos doentes contagiados pelo vírus da SIDA. Dispôs da sua propriedade para criar um centro de acolhimento para esses doentes terminais mas o seu sonho foi interrompido por um incêndio, possivelmente criminoso, que destruiu a propriedade.
Recebeu 19 títulos de Doutor Honoris Causa. Em 2007 entrou no American National Women’s Hall of Fame. Escreveu 23 livros, que até ao presente momento estão traduzidos em 30 línguas, sendo que o seu primeiro livro foi escrito em 1969 e o último foi publicado em 2005, um ano após a sua morte. Entretanto, a maior parte do seu património literário ainda não está disponível em português.
A seguir ao seu falecimento em 24 de agosto de 2004 no Arizona, EUA, os seus familiares e amigos desejaram erguer um memorial pelo seu trabalho e dedicação aos doentes terminais, e a partir daí criaram a Elisabeth Kübler-Ross Foundation com o objectivo de dar continuidade ao legado da mulher que ousou mudar a experiência da morte na nossa sociedade. 

domingo, 1 de abril de 2012

O doente e os conlfitos relacionados com a esperança


Kümbler-Ross observou nas suas investigações a existência de dois grandes conflitos relacionados com a esperança que afectam o doente directamente. Os conflitos surgem de “duas fontes principais” como ela mesmo identifica: 

  • Descrença por parte da família e pessoal hospitalar;
  •  Incapacidade da família em aceitar o estágio final do paciente.
Kümbler-Ross mostra que entre as duas, a primeira é a mais dolorosa pois a “descrença por parte da família e pessoal hospitalar” ocorre muitas vezes quando o doente mais precisa de um reforço esterno de esperança. Isso se dá quando clinicamente já não há nada a fazer, os médicos e enfermeiros já estão saturados, os familiares cansados de lutar pela saúde e pela vida do doente. É exactamente nesse momento, quando os medicamentos não fazem mais nenhum efeito que o doente “ganha o certificado” de desenganado pelos médicos.  Kümbler-Ross postula que é nessa altura que “ o paciente mais precisa de esperança”. A autora é enfática em afirmar que “não devemos desistir de nenhum paciente, seja terminal ou não”. O pessoal médico ou a família falham porque a sua esperança está centralizada nos fármacos e como clinicamente já não existe mais nada a fazer não há, não há nenhuma outra fonte de conforto. Nesse ponto o que poderia ser um factor cooperante para o doente seria um conforte transcendente por parte dos familiares e pessoal médico mas só se pode dar quando se tem. 

Relativamente à segunda parte do conflito relacionado com a esperança, Kümbler-Ross, observou que essa surge quando “os familiares agarram-se desesperadamente à esperança quando o próprio paciente estava preparado para morrer, embora se apercebesse da incapacidade da família para aceitar esse facto”. Assim foi observado pela autora que em alguns há uma rejeição da aceitação da morte como curso natural da vida por parte dos familiares. Esse conflito, torna-se um empecilho para o doente pois esse sofre com a incapacidade dos familiares em permitir que ele tenha o descanso merecido diante da morte. O doente sofre porque preocupa-se com o estado emocional dos seus familiares. Mas se o doente transcende esse conflito encontra a sua serenidade tem uma boa morte. Nesse ponto de vista as soluções para os dois conflitos mencionados estão relacionadas directamente com o factor de transcendência. Se a transcendência for devidamente canalizada, embora haja ainda o conflito, o mesmo pode ser vencido com maior facilidade.