Com o florescer da gerontologia começou-se a questionar a sexualidade da pessoa idosa de uma forma mais responsável e respeitável. Entretanto há ainda um grande percurso a ser desbravado. O preconceito acerca da sexualidade dos mais velhos inicia-se na própria família. Os jovens olham para os velhos como seres assexuados.
Muitos autores de renome classificam a velhice como a fase da vida onde ocorre as “perdas”ou a “retrogénese”. Embora estas abordagens tenham os seus devidos valores, elas vêem a velhice de uma forma menos optimista. O processo do envelhecimento e a fase da velhice, especialmente, deve ser encarado numa óptica positiva de desenvolvimento e não como uma mera perda. Isto tem sido uma vitória da gerontologia de mãos dadas com a psicologia positiva. Assim como a infância, a juventude e a adultícia, a velhice também tem as suas perdas e ganhos.
Leite (2010) apresenta a definição de sexualidade proposta pela OMS como “energia que nos leva a procurar amor, contacto, ternura e intimidade, que se integra na forma como nos sentimos, movemos, tocamos ou somos tocados”. Nestes parâmetros os mais velhos podem usufruir de um leque muito mais alargado no que se refere à sexualidade. Na idade mais avançada não há temores com a ejaculação ou orgasmo precoce e a concepção indesejável. O acto sexual no grupo etário mais avançado pode ser visto como momento dedicado à atenção, ao carinho, ao amor, ao toque e ao prazer de estar junto com a pessoa amada.
Por outro deve-se ter em conta as pessoas que não se enquadraram ainda no seu novo paradigma. Quando abordou o comportamento sexual abusivo e criminoso de alguns idosos condenados a prisão por violar outros idosos Hermógenes (2002) classificou estes indivíduos como “homo eróticus”. Segundo este autor o “homo eróticus” é “ignorante e egoísta, vencido pela compulsão sexual, faz a sua própria desgraça e a de outras pessoas”.
Para Jung a velhice deve ser abordada como oportunidade que o indivíduo tem de abandonar o material e passageiro a abraçar o transcendente, actuando não com o pensamento sobre o que pode ganhar mas sua atenção especial deve ser o que pode fazer para dar e ser útil. Neste ponto de vista a sexualidade da pessoa idosa pode ser encarada como um dom sublime.
Gostava de deixar o meu apreço pelo tema abordado. Trabalho com idosos há 20 anos e entendo que a sexualidade é um dos grandes obstáculos das pessoas mais idosas. Gostava de ver neste blog mais artigos sobre esta temática. Maria Teresa Almeida
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