sábado, 29 de janeiro de 2011

A comunicação e a auto-revelação

A comunicação é uma das colunas essenciais para qualquer tipo de relação íntima. Sem este factor, nenhum relacionamento pode sobreviver. Brehm define a comunicação como “uma condição indispensável para a existência da própria relação”. O acto de comunicar pode ser definido como receber e passar informações através de diversos métodos, como linguagem falada ou escrita, gestos ou sinais. Contudo Alferes  limita-se a falar sobre a comunicação verbal que deve existir num relacionamento. Assim a importância do diálogo  é   focado para que haja um crescimento saudável nos relacionamentos. “É através da palavra que partilhamos os acontecimentos privados  ou as significações do mundo objectivo e social”.

Derlega mostrar o factor negativo da “auto-revelação”. Isto ocorre quando um dos indivíduos utiliza estes conhecimentos como forma de “adquirir controlo e poder no seio dessa relação”. Uma outra questão que se coloca é a sinceridade ou veracidade da “auto-revelação. Fisher trata da “veracidade, sinceridade, intencionalidade, novidade e carácter privado” da comunicação transmitida. Desta forma não somente o indivíduo que recebe a transmissão pode usar o poder para manipular o relacionamento como também o indivíduo que transmite a comunicação.

É através da fala que expomos o conceito que temos do outro, criamos ou desfazemos conflitos e transmitimos o conceito que temos de nós mesmos. Estas palavras deixam transparecer a ideologia do apóstolo Tiago que escreveu: “Assim também a língua, pequeno órgão, se gaba de grandes coisas. Vede como uma fagulha põe em brasas tão grande selva!” Tiago 3:5. Desta forma Alferes mostra quão importante é o tipo de comunicação que temos em nossas relações, independentemente da “sua natureza institucional”. Salomão, por sua vez, deixou um grande contributo sobre a comunicação que também é digno de nota: “como maçãs de ouro e salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo”. Provérbios 25:11.

Altman e Taylor designam a “auto-revelação” como um factor gerado através da comunicação. É através da comunicação verbal que as pessoas falam das suas intimidades, dos seus estados emocionais, das suas histórias de vida e ambições para o futuro. Derlega informa que a “auto-revelação” está intrinsecamente ligado com a “reciprocidade” ou cumplicidade nos relacionamentos. O mesmo autor também postula que a “auto-revelação” tende a diminuir ao longo dos anos de relacionamentos. Daí a necessidade do gerontólogo realizar uma intervenção adequada com casais idosos para fortalecer os elos de ligação e promover o desenvolvimento da comunicação e da auto-revelação para estimular o crescimento da auto-estima, da cumplicidade e do companheirismo, uma vez que o amor é como uma planta que necessita ser cultivada constantemente. 

Por Luciano da Silva e Sabrina Mestre


A finitude e infinitude da existência

Continuação do tema apresentado pelo Prof. Dr. Joaquim Marujo e Mestre João da Fonseca

São interrogações perturbantes, categóricas, insofismáveis e evidentes que colocamos inúmeras vezes em momentos de crise existencial.

O Homem é corpo que tem uma mente que é uma tripla mente porque é mente, que mente e que (de)mente(mente) nos leva à loucura. Lou(cura) que cura quando pensamos que não morremos e que viveremos para sempre!

O ser humano produto e resultado de um processo biográfico é composto por corpo, espírito e alma. O corpo é a impressora da alma e o espírito a sua energia. Cada corpo prepara-se, ao longo da vida, para receber a doença. A doença é o caminho da alma. Abrindo caminhos, no caminhar da sua trajectória vital o corpo esgota a sua energia vivificante.

Corpo, alma e espírito são a unicidade, a qualidade de ser único e da unidade, qualidade positiva que se diferencia de toda a outra, i.e., ser um só que não podemos denegar porque se «se negar a alma e o espírito, como explicar o pensamento, a reflexão, a autoconsciência, a liberdade, a experiência de nós enquanto pessoas, enquanto dignidades não redutíveis a coisa?»

Para Montaigne “não há lugar algum na terra onde a morte não nos possa encontrar, mesmo que contorçamos as nossas cabeças em todas as direcções como se estivéssemos num território dúbio e suspeito (…). Todavia, é uma loucura pensar que possamos vencê-la. Os homens vão e vêm, correm e dançam e nunca pronunciam uma palavra a respeito da morte. Tudo está bem enquanto dura, porém, quando ela surge – para eles, para as esposas, para os filhos, para os amigos – apanhando-os desprevenidos e não preparados, oh! Que tempestades de paixões então dominam, que choros, que fúrias, que desesperos! (…)

Para privarmos a morte da maior vantagem que detém sobre nós devemos começar por adoptar um caminho
completamente oposto ao habitual. Retiremos-lhe toda a sua estranheza, frequentemo-la, habituemo-nos a ela, façamos com que seja o pensamento mais constante nas nossas mentes (…) Não sabemos onde nos espera e portanto, esperemos por ela em todo o lado. Praticar a morte é exercer a liberdade. Um homem que aprendeu como morrer, aprendeu a não ser escravo”. Destarte debater ou reflectir sobre a morte, assenta na circunstância de estarmos neste momento colocados na perspectiva de observadores da morte em vez de ser na de participantes caso contrário, todo este ensaio parceria ser no mínimo surrealista.

Obviamente que, neste preciso momento, cada um de nós tem a oportunidade de participar na sua existência mas há medida que ampliamos a consciência sobre a totalidade da linha existencial, rapidamente nos deparamos com a sua inevitável e respectiva finitude. Assim, a existência de todos os “Seres” por mais preciosa, útil ou significativa que ela seja, caminha inevitavelmente em direcção à morte e o preço a pagar por quem procura desenvolver uma consciência autêntica e plena sobre a sua existência, passa invariantemente por aprender a lidar com o destino terminal que o aguarda.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Saber lidar com a morte

Texto de Joaquim Parra Marujo e João Eusébio da Fonseca
Extraído do tema:" A finidude e a Infinitude da Existência"

A morte é um acontecimento da vida, é um mistério mas não é o fim. Compreender e aceitar a nossa morte conduz, inevitavelmente, a uma situação de responsabilidade para connosco, para com os outros e para com a Humanidade. Se, diariamente, pensarmos que poderemos em breve morrer, talvez o nosso comportamento para com os Outros se torne, de facto, responsável e empenhado na construção de um Mundo mais humano, humanizado e fraterno.

Para amar verdadeiramente a vida e os Outros, temos de aprender a amar a morte e o que ela representa no ciclo da vida e na evolução cósmica de todos os seres vivos. O ciclo da nossa existência é temporário. No momento do nosso nascimento, parte de nós já estava a morrer. Quando a vida intra-uterina termina, nascemos. Quando termina a fase da amamentação nasce de imediato um novo mundo gastronómico. Quando saímos da casa dos nossos pais, criamos outra família e uma outra forma de viver mais autónoma. A vida é uma vida ad eternum.

A vida talvez seja uma eterna morte. A morte talvez seja uma eterna vida. Uma vida eterna é talvez a tomada de consciência da nossa finitude. A nossa finitude talvez nos leve a valorizar a preciosidade, a oportunidade e a importância da nossa existência e das nossas relações no aqui e no agora. A vida talvez seja mais do que aquilo que se passa entre o nascimento e a morte. A morte talvez não seja o verdadeiro inimigo. Inimigo talvez seja não viver a vida.

Urge uma aceitação tranquila e lúcida da morte e do morrer no lar (doméstica). Morrer assepticamente nos hospitais é, hoje em dia, um momento solitário, triste, muito mecânico e pouco humano e sem a companhia nem a participação da família. Encarar a morte com calma e naturalidade é tanto mais possível quanto mais a vida for realizada e vivida com grande satisfação e plenitude.

domingo, 16 de janeiro de 2011

A espiritualidade e a aceitabilidade pessoal

Uma das formas pela qual psicologia social classifica o homem é de “ser psicológico”. E a condição de “ser psicológico” vem do facto do homem ter a capacidade de desenvolver a espiritualidade. Para Sequeira, Santos et al (2009) “a espiritualidade é profundamente humana, que congregando todos os aspectos do ser humano lhe confere a capacidade para desenvolver valores transcendentais, valores que estão para além dos valores comuns e também dos valores materiais”.

Desta forma pode-se entender que a espiritualidade é a capacidade do indivíduo de desprender de valores materiais em todas as suas formas em busca de algo mais sublime. Não obstante, em muitas situações a espiritualidade é confundida com religiosidade. Narayanasamy (apud Sequeira, Santos et al, 2009) classifica a espiritualidade como “uma entidade que vai além da filiação religiosa”. Enquanto a religiosidade passar pelo cumprimento de dogmas, a espiritualidade leva o indivíduo à reflexão, a amar, a ceder nas situações mais adversas. Para Saint-Exupéry (1987) a espiritualidade pode ser entendida como “ver em cada coisa uma vida interior”.

O paradigma motor da espiritualidade é seguir o caminho do bom senso, do equilíbrio, da harmonia e da serenidade. É crescer com todas as experiências que ocorrem ao longo da vida e aprender com elas. A espiritualidade também está no acto de compartilhar quer as bênções materiais quer as espirituais. Para White (2009) “Deus é a fonte de vida, luz e alegria no universo. Como raios de luz do sol, como correntes de água brotando de uma fonte viva, bênções fluem d’Ele para todas as Suas criaturas. E sempre que a vida de Deus estiver no coração dos homens, ela fluirá para outros em amor e bênções.

White (2001) classifica a espiritualidade como “a religião pessoal” e postula que esta “religião pessoal é da mais alta importância” uma vez que é “necessária à saúde e felicidade” e consequentemente “aumenta a força física, mental e moral, porque a atmosfera do céu, como um agente vivo, actuante, enche a alma.

Assim a espiritualidade é o crescimento do indivíduo para um nível mais elevado e mais sublime onde o essencial não é o apego às coisas terrenas e passageiras e sim o acto de compartilhar, compreender, amar e buscar a harmonia com as pessoas e o meio ambiente.

O desenvolvimento da espiritualidade pode auxiliar o idoso na aceitação da sua condição e no encontro do seu caminho. Assim a frustração pela perda do vigor e a angústia pela não realização de sonhos e tarefas ou amargura pelos erros do passado poderão ser superados devido ao novo apego ao transcendente onde o idoso “esquece as coisas que para trás ficam e avança para as que estão diante de si, segue para o alvo” (Filipenses 2:13 e 14).

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Alongar para um viver saudável

Durante os últimos 15 anos o mundo passou por uma grande explosão tecnológica. Embora os computadores já existissem, pouquíssimas pessoas tinha uma noção clara e definida de que o acesso à internet e aos sistemas operativos estariam ao alcance de todos. O telefone fixo deu lugar ao telemóvel. A telefonia evoluiu assim de uma caixa pesada e grande para um pequeno e portátil computador com a mais avançada tecnologia. Contudo e apesar de todos estes desenvolvimentos, o cérebro humano continua a ser imbatível.

O nosso corpo é um dos mecanismos mais complexos de todo o planeta. Temos características únicas que nos diferenciam de todos os outros animais. Somos bípedes, temos um fabuloso esquema de linguagem que permite uma comunicação segura, eficaz, temos um cérebro assombrosamente desenvolvido que controla e dirige todas as nossas acções.

Ao longo de um dia, fazemos movimentos dos mais simples aos mais sofisticados. Este processo natural e automático é executado pelo nosso cérebro que interage com o movimento, numa dialéctica perfeita. Levantamo-nos da cama, sentamo-nos, lavamo-nos, dirigimos os alimentos à nossa boca, fechamos a porta, subimos e descemos escadas. Conduzimos os nossos carros, andamos nos transportes públicos, cumprimentamos os nossos amigos e acenamos para as pessoas do outro lado da rua. No dia-a-dia, todos estes movimentos e muitos outros estão a ser pormenorizadamente controlados e planeados pelo nosso cérebro. Quase se pode dizer que ele anda dois passos à frente das nossas acções.

Para manter a saúde desta máquina tão maravilhosa, é preciso não somente alimentar-se bem, praticar exercícios como também alongar-se. A extensibilidade  é a capacidade de elasticidade ou a flexibilidade produzida pelo alongamento dos músculos. A flexibilidade é de sumamente importante para a execução correcta de alguns movimentos do dia-a-dia bem como na manutenção do corpo saudável. Nestes termos as actividades de alongamento representam uma função preventiva muito relevante uma vez que eles ajudam no fortalecimento da musculatura.

Comece o dia alongando os braços, pernas e tronco de uma forma segura. Há uma vasta gama de exercícios de alongamento que podem ser encontrados em revistas e livros. Lembre-se que o alongamento também promove a circulação sanguínea especialmente nos membros extremos (pés e mãos) evitando assim as microtromboses (frieras dos pés e mãos) causadas especialmente pela má circulação, tão comuns durante o inverno.