Extraído do tema:" A finidude e a Infinitude da Existência"
A morte é um acontecimento da vida, é um mistério mas não é o fim. Compreender e aceitar a nossa morte conduz, inevitavelmente, a uma situação de responsabilidade para connosco, para com os outros e para com a Humanidade. Se, diariamente, pensarmos que poderemos em breve morrer, talvez o nosso comportamento para com os Outros se torne, de facto, responsável e empenhado na construção de um Mundo mais humano, humanizado e fraterno.
Para amar verdadeiramente a vida e os Outros, temos de aprender a amar a morte e o que ela representa no ciclo da vida e na evolução cósmica de todos os seres vivos. O ciclo da nossa existência é temporário. No momento do nosso nascimento, parte de nós já estava a morrer. Quando a vida intra-uterina termina, nascemos. Quando termina a fase da amamentação nasce de imediato um novo mundo gastronómico. Quando saímos da casa dos nossos pais, criamos outra família e uma outra forma de viver mais autónoma. A vida é uma vida ad eternum.
A vida talvez seja uma eterna morte. A morte talvez seja uma eterna vida. Uma vida eterna é talvez a tomada de consciência da nossa finitude. A nossa finitude talvez nos leve a valorizar a preciosidade, a oportunidade e a importância da nossa existência e das nossas relações no aqui e no agora. A vida talvez seja mais do que aquilo que se passa entre o nascimento e a morte. A morte talvez não seja o verdadeiro inimigo. Inimigo talvez seja não viver a vida.
Urge uma aceitação tranquila e lúcida da morte e do morrer no lar (doméstica). Morrer assepticamente nos hospitais é, hoje em dia, um momento solitário, triste, muito mecânico e pouco humano e sem a companhia nem a participação da família. Encarar a morte com calma e naturalidade é tanto mais possível quanto mais a vida for realizada e vivida com grande satisfação e plenitude.
A morte é simplesmente o iniciar de uma nova vida.
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