Continuação do tema apresentado pelo Prof. Dr. Joaquim Marujo e Mestre João da Fonseca
São interrogações perturbantes, categóricas, insofismáveis e evidentes que colocamos inúmeras vezes em momentos de crise existencial.
O Homem é corpo que tem uma mente que é uma tripla mente porque é mente, que mente e que (de)mente(mente) nos leva à loucura. Lou(cura) que cura quando pensamos que não morremos e que viveremos para sempre!
O ser humano produto e resultado de um processo biográfico é composto por corpo, espírito e alma. O corpo é a impressora da alma e o espírito a sua energia. Cada corpo prepara-se, ao longo da vida, para receber a doença. A doença é o caminho da alma. Abrindo caminhos, no caminhar da sua trajectória vital o corpo esgota a sua energia vivificante.
Corpo, alma e espírito são a unicidade, a qualidade de ser único e da unidade, qualidade positiva que se diferencia de toda a outra, i.e., ser um só que não podemos denegar porque se «se negar a alma e o espírito, como explicar o pensamento, a reflexão, a autoconsciência, a liberdade, a experiência de nós enquanto pessoas, enquanto dignidades não redutíveis a coisa?»
Para Montaigne “não há lugar algum na terra onde a morte não nos possa encontrar, mesmo que contorçamos as nossas cabeças em todas as direcções como se estivéssemos num território dúbio e suspeito (…). Todavia, é uma loucura pensar que possamos vencê-la. Os homens vão e vêm, correm e dançam e nunca pronunciam uma palavra a respeito da morte. Tudo está bem enquanto dura, porém, quando ela surge – para eles, para as esposas, para os filhos, para os amigos – apanhando-os desprevenidos e não preparados, oh! Que tempestades de paixões então dominam, que choros, que fúrias, que desesperos! (…)
Para privarmos a morte da maior vantagem que detém sobre nós devemos começar por adoptar um caminho
completamente oposto ao habitual. Retiremos-lhe toda a sua estranheza, frequentemo-la, habituemo-nos a ela, façamos com que seja o pensamento mais constante nas nossas mentes (…) Não sabemos onde nos espera e portanto, esperemos por ela em todo o lado. Praticar a morte é exercer a liberdade. Um homem que aprendeu como morrer, aprendeu a não ser escravo”. Destarte debater ou reflectir sobre a morte, assenta na circunstância de estarmos neste momento colocados na perspectiva de observadores da morte em vez de ser na de participantes caso contrário, todo este ensaio parceria ser no mínimo surrealista.
Obviamente que, neste preciso momento, cada um de nós tem a oportunidade de participar na sua existência mas há medida que ampliamos a consciência sobre a totalidade da linha existencial, rapidamente nos deparamos com a sua inevitável e respectiva finitude. Assim, a existência de todos os “Seres” por mais preciosa, útil ou significativa que ela seja, caminha inevitavelmente em direcção à morte e o preço a pagar por quem procura desenvolver uma consciência autêntica e plena sobre a sua existência, passa invariantemente por aprender a lidar com o destino terminal que o aguarda.
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