Por Manuela Raquel do Amaral Dias
As concepções geralmente evoluem segundo uma repetição infinita de ciclos. Assim, nas civilizações primitivas em que as actividades principais eram a caça e a guerra, os idosos eram desprezados (porque eram inúteis para essas actividades), afastados do poder, dos rituais e, por vezes, até abandonados pela tribo, devido à sua fragilidade física. Quando as tribos se tornaram sedentárias, dedicando-se à agricultura, os anciãos passaram a ser muito considerados, e a ocupar uma elevada posição social, sendo muitas vezes eleitos como chefes. Os conselhos em Esparta eram compostos por 28 homens, dos mais valorosos com mais de 60 anos. Os doges de Veneza em frequentemente homens idosos. Lembramos Henrique Dondolo que em 1192, com 80 anos de idade, tornou-se doge da República Veneziana e que, apesar da idade, conseguiu mudar o destino da Europa. E no papado, a gerontocracia foi sempre regra (Bize e Vallier, 1985:35).
A longevidade era muito reduzida, e por isso, os que conseguiam resistir ao peso do tempo e chegar à velhice, eram considerados especiais, sendo alvo de grande admiração e inspirando respeito pelos seus conhecimentos, adquiridos através da experiência. O idoso era considerado um sábio que se consultava nos problemas difíceis e também um historiador, conhecedor de todas as famílias da região.
No entento, houve outras épocas em que a experiência acumulada com a idade não era considerada garantia de competência. Vivemos actualmente num desses momentos, em que tudo guira em volta do culto da juventude. Os idosos já não ocupam na sociedade o lugar de que antes usufruíam, mas são muito mais numerosos do que nunca. Antigamente, envelhecer era um mero problema psicológico, pessoal e familiar; hoje é um desafio social.
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