Falar sobre doença deve ser impreterivelmente questionar sobre os diversos factores de ordem social, cultural, ambiental e estilo de vida de uma pessoa. Todos estes elementos, em conjunto, podem ser exemplificados no conceito de Figueiredo (2007, pag. 155) onde é feita a “abordagem sociológica do stress” no âmbito da saúde em que engloba o comportamento do indivíduo ao longo da vida e a repercussão que o stress pode ter na saúde e na doença do mesmo.
A investigação de Ted Joanen relativamente à experiência observada com pelicanos na reserva natural de Rockfeller, USA traz grande revelação quanto à doença desencadeada pelo stress. Nesta reservação verificou-se que os pelicanos castanhos do Golfo do México morriam em grandes quantidades. Após investigações exaustivas foi descoberto que os pelicanos tinham, ao longo da vida, ingerido pesticidas agrícolas encontrados nos peixes. O que não era entendido era o facto de que só recentemente os pelicanos começaram a morrer devido à intoxicação de algumas dezenas de meses. Foi reconhecido que o factor que levava os pelicanos à morte era derivado do stress.
Quando as aves comiam os peixes contaminados, os pesticidas acumulavam-se nos tecidos adiposos e não lhes faziam mal. Este facto passou a ser parte do ciclo de rotina da vida dos pelicanos até que a quantidade de aves quadruplicou e com o aumento da população os alimentos passaram a ficar escassos. Assim, as aves tinham dificuldade em encontrar alimentos para as suas crias e isso desencadeou uma situação de stress. Como havia pouca alimentação, o corpo absorvia a energia acumulada na gordura, queimando o tecido adiposo em reserva. O veneno que era depositado na gordura dos pelicanos de forma inofensiva, agora chegava em doses maciças ao fígado e posteriormente ao cérebro, provocando desta forma a morte. Silva (2009, pag17) conclui afirmando que “o mesmo pode passar com o homem. Cada vez que adoecemos, o stress desempenha um papel importante. Ele pode ser, por sua vez, causa ou resultado da doença”.
Paúl, Fonseca e Good (1994) também entende que a doença não deve ser analisada num único aspecto. Mendonça at al (2002) defende que se deve “assegurar a pluralidade de pontos de vista” no contexto dos factores psicossociais relacionados com a doença. Somente assim poderemos cuidar do corpo como um todo e não ver o doente como um mero consumidor de fármacos.
Sem comentários:
Enviar um comentário