quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Acolher a Morte - Elisabeth Kübler-Ross




A partir de uma longa investigação sobre as fases por que passam os doentes terminais, Elisabeth Kübler-Ross desenvolveu os cinco estágios de carácter psicológico que o indivíduo percorre e que estão relacionados com a proximidade da morte. Esses cinco estágios foram delineados como:

  •    Negação e isolamento;
  •    Raiva;
  •   Negociação;
  •   Depressão;
  •  Aceitação.

Kübler-Ross não especifica um estágio definido para a esperança, mas a sua observação levou-a à conclusão de que a esperança está vinculada em todos os estágios e surge com maior ou menor incidência entre os mesmos.

É importante salientar que embora Kübler-Ross determine a existência dos estágios, devido à sua vasta investigação no campo a partir de entrevistas e observações, ela afirma que “estes estágios têm durações diferentes e substituem-se uns aos outros, por vezes, coexistem lado a lado”. Assim, é fascinante observar que prevalece a ciência do homem, como um ser único: somos únicos ao nascer, envelhecemos de uma forma singular, e consequentemente também morremos de uma forma exclusivamente nossa.

O Grande Dicionário da Língua Portuguesa classifica negociar como “preparar um convénio ou tratado. Pactuar ou permutar”. Assim Kübler-Ross enfatiza o conceito que o indivíduo reconhece que está no fim da sua existência e por esse motivo tenta fazer um contrato com o seu Criador e entende que “pode ser que seja mais receptivo se lhe pedir com jeitinho”. Na realidade o indivíduo põe-se numa situação, consciente ou inconscientemente, de que se fizer uma boa manobra irá ser bem-sucedido. A negociação, nesse caso, é tal e qual as transacções comerciais. O que conta aqui e o que está em jogo é como fazemos a nossa barganha e a troca do “toma-lá, dá-cá”. Se houve uma ruptura com o transcendente e com as pessoas no segundo estágio, há ainda uma possibilidade de acordo para, segundo Kübler-Ross salienta de uma forma enfática, “ adiar o inevitável”.

Para Kübler-Ross essa fase é uma das fases menos estudadas mas de grande relevância para o doente, “embora apenas por breves períodos de tempo”. Aqui o doente abandona o sentimento de ira e revolta pelo seu estado físico e inicia o processo de negociação com aquilo que crê como seu Transcendente a fim de alongar a sua existência. Assim surgem as promessas de mudanças de comportamento para receber um prémio merecido, que consequentemente será de mais dias acrescentados à sua jornada na terra dos viventes.

Pode-se observar que todo o empenho do doente é a fuga, a solução para o seu problema do momento. Como seres humanos ainda imaturos espiritualmente, e sem nenhuma bagagem ou ligação com o transcendente, concentramos a nossa força no aqui e no agora e isso torna-nos imediatistas, e somos assim vedados a ver como podemos crescer em cada situação. 

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