A empatia pode ser entendida como a capacidade que temos em identificar e aceitar o outro. Há um estado de cumplicidade derivado da habilidade da aceitação incondicional de outrem, pondo-se no seu lugar e respondendo efectivamente às suas necessidades físicas e emocionais.
No nosso dia-a-dia confundimos empatia com simpatia. Muitas vezes pensamos que estamos a desenvolver empatia com alguém pelo simples facto de desenvolver algum tipo de cumplicidade e reciprocidade de atenção e afecto. Contudo, para Queiroz (2004, p:34) “a empatia exige mais do que a partilha de conhecimento e sentimentos”. No conceito humanista podemos observar que a empatia vai para além das fronteiras da bondade recíproca.
Para o grande humanista Rogers (1979, p:53) a empatia "significa penetrar no mundo perceptual do outro e sentir-se totalmente à vontade dentro dele”. Requer sensibilidade constante para com as mudanças que se verificam nesta pessoa em relação aos significados que ela percebe, ao medo, à raiva, à ternura, à confusão ou ao que quer que ele/ela esteja vivenciando. Através do conceito de Rogers pode-se entender que empatia é ter a sensibilidade de incorporar-se na outra pessoa e calçar os seus sapatos quando ela ainda está dentro dos seus próprios sapatos. É viver e sentir como o outro sente. Contudo Bonino (2007, p:115) vai mais além e postula que essa capacidade de sentir-se na pele do outro só é real quando não se tem o prejuízo de perder a própria identidade, pois é “partilhar as emoções de outrem sem se confundir a si próprio com os outros, nem misturar as emoções com as dos outros”.
Se fizermos o elo de ligação entre o conceito de Rogers e Bonino podemos entender que a empatia consiste na abordagem de um indivíduo, em relação ao outro, numa perspectiva positiva em que há um desejo de compreensão, afecto, amabilidade, aceitação plena e sem juízo de valores, sem contudo perder a própria identidade. É isso que faz da empatia uma arte, pois o indivíduo põe-se no lugar do outro mas não se funde. Somente assim é que ele pode entender que o outro continua o outro e torna assim o seu “objecto de estudo e apreço”.
O desenvolvimento da empatia não é irracional, é humanista e inteligente pois faz-nos pensar que do outro lado há um ser humano, tal como eu, com todas as propensões de falhas e vitórias, qualidades e defeitos, sentimentos, um ser com alma e espírito que o faz vibrar.
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