Achei o artigo que abaixo muito interessante. No universo da gerontologia, fala-se muito em estímulo cognitivo e o estímulo emocional tem sido por vezes esquecido. O Artigo foi publicado na Revista Saúde e Lar (Ed.online de julho de 2011)
Pergunta: Tenho sentido, nestes últimos meses, dificuldade em gerir as minhas emoções. É claro que os meus filhos saem prejudicados das mais diversas situações. Preciso de mudar o meu comportamento e as minhas reacções, mas não sei como fazê-lo.
R: Prezada leitora, sinto-me satisfeita por ter sentido a necessidade de encontrar estratégias para estar no controlo das emoções e não o contrário.
Consegue imaginar a vida sem a alegria de um reencontro há muito esperado, da gargalhada de uma criança, do amor que sente por alguém, do prazer de ouvir música ou da excitação de conseguir uma promoção? Mas o que dizer das emoções como o medo, a angústia, a frustração, entre outras? As emoções negativas podem motivar-nos a corrigir situações erradas e podem alertar-nos para possíveis perigos. O facto de nomearmos as emoções de positivas e negativas, não quer dizer necessariamente que as emoções são boas ou más em si mesmas. A forma de se lidar com as emoções é que pode torná-las sadias ou problemáticas. Sentir tristeza e dor quando se perde alguém não é mau! É natural e é necessário para que se faça o luto. Pode, no entanto, tornar-se numa situação prejudicial quando é prolongada no tempo, se torna incapacitante, envolvendo outro tipo de emoções.
De uma forma geral, o ser humano tem estado mais desperto para o tema da saúde. É elevado o número de pessoas que têm visto doenças serem diagnosticadas e tratadas, por ponderarem os sinais e sintomas do seu corpo. Felizmente (talvez de uma forma mais morosa), há um número crescente de indivíduos que considera e pondera os indicadores, os sinais e sintomas de que emocionalmente se está “doente”. Por vezes, é fácil identificar algumas emoções; porém, na maioria das vezes, estas não se vêem. O que se vê é o efeito das emoções. Talvez possamos utilizar uma analogia para entender melhor esta realidade. As emoções são semelhantes ao vento. Não podemos vê-lo. Mas o som das folhas das árvores, o esvoaçar do cabelo ou o movimento da roupa pendurada no estendal, são sinais da sua existência. É possível, inclusive, ver as consequências da sua força destruidora. O mesmo acontece com as emoções e, por esta razão, é muito importante estarmos atentos aos nossos comportamentos, pois através deles poderemos chegar às emoções. Nervosismo e irritabilidade, dificuldade em adormecer, falta de interesse, perda de controlo, medos incomuns, sintomas físicos, podem ser sinais de sofrimento emocional.
É uma grande tarefa, a nossa saúde emocional e, em grande parte, nós somos responsáveis pela forma como lidamos com as emoções. Há sempre uma escolha subjacente na forma de lidar com determinada situação.
Somos seres físicos, sociais, emocionais e é necessário um olhar holístico para se lidar de uma forma positiva com as emoções. É necessário que se entenda que quando as necessidades físicas (exercício, boa nutrição, sono) e psicológicas (tempo pessoal, socialização, estimulação mental) não estão a ser consideradas, há uma maior tendência para reagir emocionalmente. O resultado é, geralmente, um pavio curto quando se trata de situações adversas que podem provocar a raiva, o medo ou a indiferença. Viver um estilo de vida equilibrado é essencial, assim como conhecer os seus limites. Como está a sua dieta mental? Repleta de calorias vazias, sem horários, demasiado fast-food? Que hábitos necessitam de ser modificados na sua vida, para beneficiar de uma dieta mental equilibrada? Estará hiperestimulada com o que vê, ouve e executa? Dedica tempo para se conhecer e pensar nas suas atitudes e emoções, ou tem a sensação de não perceber os seus comportamentos? Vive de uma forma plena, ou sente que tudo é realizado de forma fugaz?
Questionar-se sobre um problema é um começo, mas não é o suficiente para o resolver! Que estratégias vai utilizar para modificar os seus comportamentos e reacções? Lembre-se que não fazer nada é uma escolha! Qual vai ser a sua?
Nélia Silva Coutinho
Psicóloga