domingo, 1 de abril de 2012

O doente e os conlfitos relacionados com a esperança


Kümbler-Ross observou nas suas investigações a existência de dois grandes conflitos relacionados com a esperança que afectam o doente directamente. Os conflitos surgem de “duas fontes principais” como ela mesmo identifica: 

  • Descrença por parte da família e pessoal hospitalar;
  •  Incapacidade da família em aceitar o estágio final do paciente.
Kümbler-Ross mostra que entre as duas, a primeira é a mais dolorosa pois a “descrença por parte da família e pessoal hospitalar” ocorre muitas vezes quando o doente mais precisa de um reforço esterno de esperança. Isso se dá quando clinicamente já não há nada a fazer, os médicos e enfermeiros já estão saturados, os familiares cansados de lutar pela saúde e pela vida do doente. É exactamente nesse momento, quando os medicamentos não fazem mais nenhum efeito que o doente “ganha o certificado” de desenganado pelos médicos.  Kümbler-Ross postula que é nessa altura que “ o paciente mais precisa de esperança”. A autora é enfática em afirmar que “não devemos desistir de nenhum paciente, seja terminal ou não”. O pessoal médico ou a família falham porque a sua esperança está centralizada nos fármacos e como clinicamente já não existe mais nada a fazer não há, não há nenhuma outra fonte de conforto. Nesse ponto o que poderia ser um factor cooperante para o doente seria um conforte transcendente por parte dos familiares e pessoal médico mas só se pode dar quando se tem. 

Relativamente à segunda parte do conflito relacionado com a esperança, Kümbler-Ross, observou que essa surge quando “os familiares agarram-se desesperadamente à esperança quando o próprio paciente estava preparado para morrer, embora se apercebesse da incapacidade da família para aceitar esse facto”. Assim foi observado pela autora que em alguns há uma rejeição da aceitação da morte como curso natural da vida por parte dos familiares. Esse conflito, torna-se um empecilho para o doente pois esse sofre com a incapacidade dos familiares em permitir que ele tenha o descanso merecido diante da morte. O doente sofre porque preocupa-se com o estado emocional dos seus familiares. Mas se o doente transcende esse conflito encontra a sua serenidade tem uma boa morte. Nesse ponto de vista as soluções para os dois conflitos mencionados estão relacionadas directamente com o factor de transcendência. Se a transcendência for devidamente canalizada, embora haja ainda o conflito, o mesmo pode ser vencido com maior facilidade.   

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