A investigação de Kümbler-Ross levou-a a observar que os cinco estágios que o doente terminal vive “têm durações diferentes e substituem-se uns aos outros, ou por vezes coexistem lado a lado”. Não obstante a autora também observou que há um fio condutor que percorre todos esses estágios. Esse fio condutor é, indubitavelmente, a esperança. Assim, é determinado que a esperança é o elemento que persiste entre os cinco estágios.
A esperança é tão marcante nas investigações de Kümbler-Ross que ela declara enfaticamente que “sempre nos impressionou que mesmo os pacientes mais aceitantes, mais realistas, deixassem em aberto a possibilidade de uma qualquer cura, da descoberta de uma nova droga ou do «sucesso à última hora num projecto de investigação» ”. A esperança pode ser classificada como aquilo que nos faz vibrar e pode ser utilizada como um trampolim que nos projecta para a frente e para cima. Dessa forma, a esperança impulsiona o doente em estado terminar a continuar a viver, a lutar pela vida. Como enfatiza a autora: “ é este vislumbre de esperança que os sustenta ao longo de dias, semanas ou meses de sofrimento”.
Kümbler-Ross apresenta a fascinante experiência de esperança das Caservas L318 e L 417 do campo de concentração de Terezin, onde cerca de quinze mil crianças guardaram o firme propósito da esperança embora somente cem dessas crianças viessem a sobreviver aos horrores da guerra.
A autora postula que a esperança actua de uma forma tão poderosa nos indivíduos que os leva a encontrar vigor para ver que todo o sofrimento quer da doença quer dos tratamentos “deve ter algum significado, que deve acabar por ter alguma compensação se eles o conseguirem suportar apenas um pouco mais”. Nesses termos há esperança em continuar a resistir e em submeter-se aos sofrimentos à procura da cura. A esperança também pode actuar como uma espécie de escape para fugir da realidade e transpor-se numa outra dimensão do faz-de-conta. Isso é assegurado quando a autora informa que “é a esperança que ocasionalmente se infiltra neles de que tudo aquilo não passe de um pesadelo e não seja verdadeiro; que acordem de manhã e lhes digam que os médicos estão prontos para experimentar um novo medicamento que parece promissor.”
Indubitavelmente a esperança mantém-nos firmes e desejosos de ser vencedores. O mesmo ocorre com os doentes em estado terminal. O doente apoia-se na esperança de ficar curado e sente que vale a pena passar pelo sofrimento para ter a saúde restabelecida. Esse pensamento é um reflexo da afirmação de Kümbler-Ross quando diz que a esperança “dá ao paciente terminal a sensação de que tem uma missão particular, ajudando-o a manter o ânimo e permitindo-lhe suportar mais exames numa altura em que tudo se torna um enorme esforço”.
Entretanto as minhas observações levam a entender que o doente que tem fé, é sem dúvida aquele que melhor passa por esse momento de aflição. O doente que tem fé deposita a sua confiança em Deus. Muitos agarram-se a textos como Salmos 23 "ainda que eu passe pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, pois Tu estás comigo..." É essa âncora que o doente se apega e a ela dedica todo o seu esforço. Somente isso ajuda-o a passar por todos os estágios da doença. É a força para viver. É através da esperança que o doente encontra força par ultrapassar os momentos mais cruciais.