Os idosos de uma forma muito peculiar exercem a sua capacidade de observação e comparação com grande mestria. Às vezes este acto é feito de uma forma inocente, mas também pode ser acutilante, mesquinho e até mesmo ofensivo. Quantas vezes não se tem relatado discussões e insultos onde haja aglomerações de idosos e tudo isso tendo como causa inicial uma comparação que gerou inveja!
Este tipo de sentimento pode causar danos muito mais severos para um envelhecimento saudável do que se possa imaginar. Segundo Barrows (2010, pag. 35) se o sentimento da inveja não for definitivamente eliminado da personalidade do indivíduo, ela poderá reaparecer quem qualquer estágio da vida, inclusive na velhice, e “voltará a emergir em período de stress e terá de ser objecto de uma nova elaboração para que os sentimentos criativos e positivos possam vir a prevalecer”.
De acordo com Melgosa (2010, pag. 9) “os estados emocionais negativos, como ódio, preocupação, receio, raiva e ciúmes, provocam reacções fisiológicas imediatas.” Estas reacções desencadeiam mal-estar que por sua vez tornam-se em perturbações cardíacas, digestivas e psicológicas.
A comparação é sem dúvidas uma forma de barómetro para verificar a sua condição física, a sua capacidade mental e a partir dos elementos adquiridos os gerontes podem fazer uma avaliação do seu estado físico, emocional e das suas capacitações e até mesmo questionar quanto tempo de vida ainda lhe resta.
Em todas as etapas da vida o indivíduo segue um padrão de referência. As crianças comparam o seu crescimento entre si, os pré-adolescentes comparam o desenvolvimento do seu corpo, os jovens comparam os seus namoros e os mais adultos comparam a sua capacidade de procriar, a sua casa e o carro. Segundo esta linha de pensamento, o fenómeno da comparação é inerente ao ser humano. Se o mesmo não ocorresse entre os idosos poder-se-ia arriscar dizer que nesta etapa da vida o indivíduo começava a perder a sua humanização.
Entretanto o processo de comparação pode ser desenvolvido de uma forma positiva e madura. Os idosos podem e devem ser influenciados a ter uma vida mais saudável e activa e nesse sentido o processo de comparação pode ser uma ferramenta extremamente importante.
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